A história de amor dos meus pais foi linda. Eles tinham uma paixão invejável. Sabe, na altura não era muito costume uma mulher branca casar com um homem de raça negra, mas mesmo assim eles ficaram juntos. A minha mãe tinha ido para Luanda com o seu irmão mais velho e lá conheceu então o meu pai, num baile. Passado quatro meses casaram-se, e tiveram seis filhos. Hoje o meu pai já morreu e eu vivo com a minha mãe, nunca casei nem tive filhos, mas considero os meus sobrinhos como tal. A verdade é que não é agora com sessenta anos que vou arranjar alguém. O amor deles foi a prova e a grande experiência, para todos os que viviamos lá em casa, de que ainda há amores para sempre. Ele fazia tudo por ela, eram per(feitos) um para o outro.
Uma mulher entrou na loja (em que estou a trabalhar agora, durante uns dias) à procura de uma compota. Conversa puxa conversa e em pouco mais de meia hora esse mulher passou de uma estranha à Helena. Contou-me esta história, entre outras, e percebi a cultura e a sabedoria que a envolvia - era professora e tinha vindo, devido ao estalar da guerra, para Portugal. Enquanto me contava a história dos pais imaginei cada promenor, tal como ela os descrevia. Achei amorosa a Helena, achei amorosa a maneira como ela entrou na minha vida, achei amorosa a maneira como me mostrou que amores para sempre, ainda existem.
 
Adoro conheçer pessoas, e pessoas com histórias como estas é bem bom.